15 de setembro de 2011

Pouco conhecida, mas essencial

Assim é a atividade, que tem foco na pesquisa e no diagnóstico das doenças humanas. Oferta de cursos de graduação tem crescido no DF, bem como o mercado de trabalho.

A maioria dos biomédicos atua em laboratórios, embora o número de especialidades da profissão seja enorme
       “O que faz um biomédico?” Todo estudante ou profissional do ramo já ouviu essa pergunta de algum curioso. E todos já deram a mesma resposta: “Bastante coisa”. De fato. Segundo o Conselho Regional de Biomedicina da 3ª região (CRBM-3), hoje existem cerca de 30 habilitações na área (veja quadro). No Distrito Federal, essa profissão ainda é desconhecida por muita gente, mas pouco a pouco tem ganhado espaço no mercado e atraído mais interessados em uma graduação. Já são cinco as faculdades que oferecem formação nessa especialidade em Brasília. 


“O DF está descobrindo o biomédico. Há seis anos, só uma escola ofertava o curso aqui, mas hoje já temos várias instituições e mais candidatos. Há uma demanda crescente por esses profissionais”, conta o coordenador de biomedicina da Faculdade Anhanguera, Carlos Fernando dos Santos, que aponta os laboratórios e os centros de diagnóstico por imagem da cidade como as grandes fontes de emprego para a categoria. Em 2005, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que a responsabilidade técnica por laboratórios de análises e postos de coleta ficasse a cargo, entre outros profissionais, de biomédicos. Tal norma ampliou as oportunidades de trabalho no setor, que tem piso salarial no valor de R$ 1.817 para a jornada de 44 horas semanais. 

Criada em 1966 pela antiga Escola Paulista de Medicina e regulamentada 13 anos depois, a atividade surgiu para suprir uma carência observada no ramo da saúde. “Faltavam professores de conteúdos básicos, como anatomia, histologia e microbiologia, porque os médicos não queriam dar aulas dessas disciplinas, eles queriam fazer uma especialização e clinicar”, explica Lidia Maria Pinto, professora de biomedicina na Universidade Católica de Brasília (UCB). Assim, consolidou-se uma capacitação com foco na pesquisa, que, posteriormente, ganhou outra atribuição importante: o diagnóstico, área escolhida por cerca de 80% dos biomédicos em atuação hoje. E é justamente esse ponto que distingue a profissão da medicina — esta atua na cura direta das doenças e na restauração da saúde. 

A exemplo da maioria dos especialistas na área, a biomédica Jailma Miyada, 44 anos, trabalha em um laboratório. Formada pela Universidade Federal de Goiás em 1991, ela conta que nunca teve dúvidas sobre o ramo que queria seguir. Desde que recebeu o diploma, trabalha com análises clínicas. “Algumas pessoas fazem biomedicina porque não conseguiram passar em um curso de medicina, mas eu não”, comenta a profissional, ao se dizer realizada com o que faz. Em 1999, a goiana mudou-se para Brasília e começou a trabalhar no laboratório Exame, onde está até hoje. Lá dentro, ela já atuou nas unidades de coleta, no setor de hormônios e hoje fica na assessoria científica do grupo, ajudando médicos e pacientes a solicitar e interpretar exames. 

Privado x público 
Além da habilitação escolhida por Jailma, a iniciativa privada oferece aos profissionais do ramo possibilidades de trabalho com análise veterinária, reprodução humana, acupuntura e análise ambiental, entre outras. Já o sonho de entrar no funcionalismo público é restrito a tal categoria. Isso porque apenas uma instituição da Secretaria de Saúde do DF, o Hemocentro, tem carreira reservada à classe. “Quem tem diploma em biomedicina concorre nos concursos às vagas para biólogo e farmacêutico bioquímico. No caso de aprovação, tem que entrar na Justiça para conseguir a nomeação”, explica a professora Lidia. 

Apesar das limitações, é justamente um cargo do serviço público o grande objeto de desejo da maioria dos formados na área: o de perito criminal das polícias Civil e Federal, aberto a diversas profissões. “É um ótimo emprego e tem uma excelente remuneração (de R$ 3 mil a R$12 mil, dependendo da localidade e do órgão)”, diz o estudante Marne Azarias, 25 anos, que não nega a vontade de atuar na atividade considerada a ‘menina dos olhos’ dos biomédicos. Ainda assim, o aluno do último semestre de biomedicina no Uniceub frisa que ingressou na faculdade com o foco em outro tipo de trabalho. “Gosto muito de ciência, biologia e química, quero ser um pesquisador”, declara o jovem. 

Atuação ampla 
O número de habilitações relacionadas à biomedicina é impreciso, pois a cada momento surgem novas especialidades, sendo algumas delas questionadas por especialistas. Abaixo, está a lista com as principais atividades desenvolvidas por esses profissionais:   
  • Acupuntura 
  • Análise ambiental 
  • Análise clínica veterinária 
  • Análises bromatológicas 
  • Análises clínicas 
  • Anatomia patológica 
  • Banco de sangue 
  • Biologia molecular 
  • Citologia oncótica 
  • Embriologia 
  • Estética 
  • Fisiologia (geral e humana) 
  • Genética 
  • Histologia humana 
  • Imagenologia 
  • Informática de saúde 
  • Microbiologia de alimentos 
  • Patologia 
  • Perfusão extracorpórea 
  • Psicobiologia 
  • Radiologia 
  • Reprodução humana 
  • Sanitarista 
  • Saúde pública 
  • Toxicologia 
  • Virologia 
Fonte: Conselho Regional de Biomedicina da 3ª região (CRBM-3) 

Onde estudar 
Centro Universitário de Brasília (Uniceub) 
Duração: nove semestres 
Turno: matutino 
Tel.: (61) 3966-1475 
www.uniceub.br 

Faculdade Anhanguera 
Duração: quatro anos 
Turno: vespertino e noturno 
Tel.: 0800-941-4444 
www.unianhanguera.edu.br 

Faculdades Integradas Icesp 
Duração: quatro anos 
Turno: noturno 
Tel.: (61) 3035-9500 
www.unicesp.edu.br 

Universidade Católica de Brasília (UCB) 
Duração: nove semestres 
Turno: matutino 
Tel.: (61) 3356-9144 
www.ucb.br 

Universidade Paulista (Unip) 
Duração: quatro anos 
Turno: matutino 
Tel.: (61) 2192-7030 
www.unip.br 

Fonte: Correio Braziliense

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